terça-feira, 6 de agosto de 2013

Toponímia e gêneros.

Toponímia é a ciência que estuda os TOPÔNIMOS, ou nomes próprios de lugares e de elementos geográficos (cidades, países, estados, rios, montes, serras, mares, estradas, etc...).

Gêneros: Regra Geral:
A regra geral aplicável à maioria dos topônimos, classifica estas denominações como substantivos próprios, aos quais sempre deverá ser atribuído o gênero (masculino ou feminino) de acordo com a espécie de elemento geográfico ou de lugar.
Exemplos da Regra Geral:
"O Maranhão" (O estado do Maranhão),
"O Paranaíba" (O rio Paranaíba),
"O Vesúvio" (O monte Vesúvio),
"A Mantiqueira" (A serra mantiqueira),
"O Báltico" (O mar Báltico),
"A Fernão Dias" (a estrada Fernão Dias).

Nestes casos, o uso de adjetivo qualificador segue naturalmente o gênero adotado.
Exemplos: O belo Maranhão, o caudaloso Paranaíba, o traiçoeiro Vesúvio, a grandiosa Mantiquira, etc... 

Países: Atipicidade.
No caso de nomes de países, o gênero adotado está quase sempre ligado ao significado ou origem do nome próprio do país ou, ainda, associado à espécie "país" (masculino).
Exemplos do gênero para países:
"O Brasil" (O pau Brasil),
"A Inglaterra" (The Engla Land, que significa "A terra do Anglos"),
"A Argentina" (La Argentum, que significa "A prata")
"Os Estados Unidos", etc...


Cidades: Exceção às Regras.
Em se tratando de cidades, os topônimos geralmente são classificados pela gramática como substantivos próprios que não possuem gênero e, portanto, não aceitam o artigo.
Exemplo de como se configuram gramaticalmente:
Se eu apenas me refiro a Ouro Preto, a Belo Horizonte ou a Brasília, não há necessidade de se antepor qualquer artigo à preposição, uma vez que, via de regra, topônimos de cidades não têm gênero.
Portanto se diz: "Vou a Brasília", "Viajei para Ouro Preto", "fui a Belo Horizonte".
Note-se que apenas é usada a preposição antes do nome, sempre sem artigo.


Para estes casos, o uso de adjetivos sempre exigirá o gênero feminino, combinando com a espécie de topônimo ("A bela Brasília”, “A montanhosa Ouro Preto”, “A fria Belo Horizonte”).


Exceções para cidades:

Em muitos casos os nomes de cidades exigem o artigo masculino e, por consequência, os adjetivos qualificadores também aparecem no gênero masculino. 
São regras determinadas pelo costume linguístico, porém absolutamente corretas gramaticalmente.

Exemplos: Rio de Janeiro, Porto, Guarujá, Recife, Carmo do Paranaíba.
Como se configuram gramaticalmente:Se eu me refiro ao Rio de janeiro, ao Porto, ao Guarujá, ao Recife ou ao Carmo do Paranaíba, necessariamente devo usar o artigo “o” associado à preposição.
Assim, por óbvio. adjetivos que qualifiquem esses lugares também serão do gênero masculino: “O montanhoso Rio de Janeiro”, “O longínquo Porto”, “O lindo Guarujá”, “O calorento Recife”, "O pitoresco Carmo do Paranaíba.

Eventualmente surgem dúvidas sobre como identificar o gênero para se qualificar alguns topônimos. Nestes casos, a solução é recorrer ao costume linguístico, que é originalmente o fator determinante desta condição.
Uma boa prática é comparar frases da linguagem coloquial própria do lugar, usando um e outro gênero, para se identificar o que soa mais “normal” ou é mais comumente usado.


Um exemplo típico, que conheço muito bem, é o caso da minha cidade natal, Carmo do Paranaíba, cujas qualificações eventualmente aparecem usando os dois gêneros:
Então, vejamos: O que parece mais comum:

Feminino
Masculino
A Carmo é bonita
O Carmo é bonito”
Sou de Carmo ou Sou da Carmo
Sou do Carmo
Vim de Carmo ou vim da Carmo
Vim do Carmo
Eu nasci em Carmo (ou na Carmo)
Eu nasci no Carmo
Eu venho de Carmo (ou da Carmo)
Eu venho do Carmo.